Oração em serviço
Não paralises o impulso do amor fraterno, diante dos companheiros que te parecem errados.
Aquele que hoje carrega na praça o nome de malfeitor pode ser amanhã o apoio a que te arrimes.
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Reprovaste o motorista que se envolveu em grave desastre, e, ao vê-lo em posição difícil na estrada, propões-te, de início, lança-lo à própria sorte, seguindo indiferente.
Entretanto, vence a repulsão e assegura-lhe o socorro preciso.
É possível seja ele, mais além, o amigo certo que te livrará de males maiores.
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Viste com desprazer o homem público que se tornou repentinamente odiado, à face de erros clamorosos que se viu na conjuntura de cometer ou endossar, na esfera administrativa, e, no momento justo de considerar-lhe as obras deficitárias, inclinas-te à censura.
Cala, porém, a crítica destrutiva e pronuncia o verbo que lhe sirva de reconforto.
Provavelmente, muito breve será ele o interventor providencial na solução de teus problemas.
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Conheces o rapaz transviado, autor de faltas confessas pela carência de educação com que foi rudemente prejudicado, através do tempo, e, ao surpreendê-lo embriagado na rua, dispões-te, instintivamente, a passar de largo.
Contudo, deixa que a bondade te inspire o coração e dá-lhe simpatia.
Pode acontecer, em futuro próximo, seja ele a pessoa indicada a salvar-te em amargos perigos.
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Fitaste com desprezo a jovem menos feliz que se arrojou a costumes indesejáveis por falta de assistência no lar, em que se desenvolveu ao sabor dos próprios caprichos, e, encontrando-a enredada nas teias da delinquência, tendes a incriminá-la com palavras condenatórias.
No entanto, reflete na compaixão e ampara-lhe o reajuste.
Talvez amanhã esteja ela no quadro de teus familiares mais queridos, por injunções de casamento.
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Para isso, não te sintas superior.
Lembra-te, acima de tudo, de que, pelas imperfeições que ainda trazemos, todos somos delinquentes potenciais e de que, se não vigiarmos em oração e serviço, junto das tentações que nos visitam as fraquezas, ainda hoje o lugar dos irmãos caídos pode ser igualmente o nosso.
Fonte:
XAVIER, Francisco Cândido - Espírito Emmanuel - Livro Jus-tiça Divina, Lição 22 - FEB - 14ª Edição, 2013
Estudos e dissertações em torno da obra “O Céu e o Inferno”