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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

28 DE OUTUBRO, ANIVERSÁRIO DE ZÉ PELINTRA. QUEM FOI "SEU ZÉ"?


 Zé Pelintra é uma falange de entidades de luz originária da crença sincrética denominada Catimbó, surgida na Região Nordeste do Brasil. O Zé Pelintra também é comumente "incorporado" em terreiros de Umbanda, tendo seu culto difundido em todo o Brasil. Nessa religião, é considerado parte da linha de trabalho dos malandros.

O Zé Pelintra é uma das mais importantes entidades de cultos afro-brasileiros, especialmente entre os umbandistas. É considerado o espírito patrono dos bares, locais de jogo e sarjetas, embora não alinhado com entidades de cunho negativo, é uma espécie de transcrição arquetípica do "malandro". Exatamente por isso, serve igualmente como um arquétipo da cultura de origem africana enquanto alvo de preconceito, tal como ocorreu nas eleições municipais do Rio de Janeiro em 2020.

Segundo relatos, Zé Pelintra ou José Amadeu da Silva teria nascido em 28 de outubro no estado de Pernambuco. Há, ainda, relatos de que nasceu próximo à cidade pernambucana de Exu.

Mulato quase negro e pobre, mulherengo e festeiro, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se tornou um famoso boêmio no meio da malandragem do bairro da Lapa.

Mas para entendimento vamos descrever a história de Senhor José Pilintra da estrada da Lapa., que é a Entidade da mesma linha dos "Malandros", vamos mostrar de onde ele veio, como virou essa Entidade tão maravilhosa, como trabalhou tanto pela caridade em vida e porque temos diversas Entidades que levam o nome de "Zé Pilintra", assim como o personagem de nossa história.

A história de Zé Pilintra da Estrada da Lapa, tem diversas passagens na Cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX, na época em que os negros que por décadas haviam sendo escravizados, e agora em liberdade, na verdade uma falsa liberdade, tentavam sobreviver ao julgo, a falta de trabalho, a má alimentação e as doenças que tanto afligiram os ex escravos. 

Mas vamos voltar um pouco ao tempo para vermos como Senhor Zé Pilintra chegou ao Rio de Janeiro.

Seu Zé era natural do Estado de Pernambuco. Filho de uma Ex escrava negra e um feitor de cor branca, portanto ele tinha a pele não negra como a mãe, mas também não branca como o pai, fazendo assim dele um mulato escuro que por vezes e vezes sofria o ódio da enorme classe de brancos.

Batizado de José Amadeu da Silva em sua vida terrena, esse foi o nome que usou até meados do ano de 1902, quando fez parte dos grupos que auxiliavam a grande massa de negros nos tratamentos contra as doenças que se lastrava intensamente dentro dos morros que foram ocupados por eles.

Esses negros foram obrigados a se bandear para o alto desses morros, pois com o fim do período escravocrata, no século XIX, sem posses de terras e sem opção de trabalho nos campos, esses grupos se deslocaram para o Rio de Janeiro em busca de uma tentativa de sobrevivência, fazendo assim um aumento desproporcional de pessoas na então Capital Federal. A elite e administradores da cidade desejando apagar de suas lembranças aquele povoado de negros e aquela cidade com vestígios da era colonial, mandaram demolir todos os cortiços fazendo assim os negros saírem e irem morar nos morros, longe da grande elite de brancos.

Sendo esses lugares sem a menor condição de se viver, as doenças se alastraram, e sem auxilio da elite os negros morriam sem a chance de cura.

Voltando agora ao nosso foco que é Senhor Zé Pilintra, um pouco antes desses acontecimentos, ele já tomado da decisão de partir de Pernambuco, seguiu em viagem sem destino pelo país.

E a cada parada, a cada região, ele buscava novos conhecimentos, sendo em áreas comuns como a agricultura até em áreas específicas como cuidar de uma pessoa com alguma moléstia.

E foi assim que aprendeu o oficio de cura em moléstias, por volta do final do século XIX, José Amadeu, com sua conversa amigável, com seu carisma e com sua vontade de aprender, ficou em companhia de um velho sacristão, que tinha como missão sanar as dores das pessoas que buscava ajuda em sua paróquia, e nesse período em companhia ao sacristão, José Amadeu aprendeu que ele precisava ajudar a quem necessitava, mas precisava fazer muito mais do que já fazia.

E assim ele decidiu partir.     

Após dezenas de dias em viagem, ele chega ao Rio de Janeiro.    

Observando a situação dos negros, que morriam sem auxilio, decidiu que era ali que teria que ficar para cumprir sua missão.

Começou acompanhar o dia a dia dos médicos da elite, observava tudo, onde conseguiria medicamentos, com quem conseguiria, como esses médicos se vestiam e como falavam.     

Assim ele permaneceu junto com os negros, tentando sanar as dores de cada um, tentando salvar a vida de crianças que sofriam intensamente com várias pestes.

Começou a perambular pela cidade, conheceu pessoas e chegou na Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro, e lá que conseguiu seu grande feito, juntar pessoas brancas e mulatas que abraçaram as causas na qual ele lutava.     

E assim começou um grande grupo de homens e mulheres, que faziam da luta de manter o povo do morro saudável, mesmo contra a vontade dos poderosos da elite e dos administradores da cidade.

E foi esses poderosos que começaram a fechar as entradas para esse morro, colocando a força policial de guarda para que ninguém pudesse subir ou descer, fazendo assim com que os negros não tivessem o direito de se misturarem com a tal classe de elite.     

Foi também proibida a busca na parte baixa da cidade por medicamentos e alimentos, fazendo que os negros se revoltassem, e tentassem descer em busca dessas coisas para o povo. E ao descerem, revoltosos, eram presos e assassinados.

Foi por esse motivo que Zé Pilintra e todo seu grupo de amigos e amigas da boemia, se encontravam as noites nas imediações do bairro da Lapa, com intuito de planejarem medidas de ajudarem ao povo dos morros.    

Ficando acertado que não usariam a força, mas sim a conversa e jogos de palavras juntamente com a malícia da malandragem que aprenderam nas ruas e o sorriso sempre aberto e cativante. 

E assim era feito, no meio de conversas e sorrisos, demonstração de amizade por parte dos rapazes com os policiais responsáveis por tomarem conta das entradas dos morros, assim como das moças que com grandes atuações, se fingiam de encantadas pela força e farda desses policiais, iludindo-os com olhares e sorrisos, enquanto Zé Pilintra e outros Malandros passavam a surdina levando todos os tipos de materiais e alimentos para os negros no alto dos morros escuros.     

Eles passaram a andar com a tradicional vestimenta branca, terno, gravata encarnada para que assim não fossem confundidos com os policiais, que durante as noites subiam os morros, ora para eliminar algum negro, ora para tentarem levar as grades os "Malandros" que tanto lutavam, sobre o comando de Zé Pilintra, para tentar auxiliar o povo tão sofrido dos morros.

Senhor Zé Pilintra, com essa ginga de malandro boêmio, com o carisma de amigo de todos, com a sabedoria que adquiriu pelas andanças que fazia, com a infinita bondade de tentar ajudar a quem necessitava, ao fazer sua passagem foi feito como Entidade pelo Pai Maior, para que assim pudesse continuar seu lindo e maravilhoso trabalho de caridade dentro dos terreiros e centros Umbandistas, como continua a fazer até os dias de hoje.     

Poderemos observar que dentro de vários terreiros encontraremos médiuns incorporados com a Entidade Zé Pilintra, as vezes até mais de um no mesmo terreiro e na mesma hora.

A explicação disso é que, sendo Zé Amadeu da Silva um grande líder dentre todo os grupos de amigos da boemia, ele foi adorado por muitos, que seguiram o seus passos, e como ele, José Amadeu, o Zé Pilintra, era extremamente respeitado e até temido por muitas regiões, esses que seguiam seus passos, se apresentavam como Zé Pilintra, para assim conquistarem o respeito, e fazer disso a porta de entrada para a luta em prol da caridade.     

E tudo isso começou com José Amadeu da Silva, Pernambucano arretado, boêmio sorridente, amigo dos amigos, mulato/negro que tinha orgulho de sua cor, amava suas raízes, lutava pelos irmãos menos favorecidos.