Narra antiga lenda que, certa
vez, um rei adoeceu gravemente e à medida que o tempo passava seu estado
piorava.
Os médicos tentaram de tudo,
mas nada parecia funcionar. Estavam a ponto de perder a esperança quando a
velha criada falou:
Eu sei uma forma de salvar o
rei. Se vocês puderem encontrar um homem feliz, tirar-lhe a camisa e vesti-la
no rei, ele se recuperará.
Ao ouvir tal afirmativa, o
rei enviou seus mensageiros a todos os cantos do reino a procura de um homem
feliz.
Eles cavalgaram por todos os
lugares e não encontraram um homem feliz. Ninguém estava satisfeito; todos
tinham uma queixa a fazer.
Aquele alfaiate estúpido fez
as calças muito curtas! Ouviram um homem rico dizer.
A comida está péssima. Este
cozinheiro não consegue fazer nada direito! Outro reclamava.
O que há de errado com os
nossos filhos? Resmungava um pai insatisfeito.
O teto está vazando!
A situação financeira está
péssima!
Será que o governo não pode
dar um jeito nessa situação?
Essas e outras tantas queixas
eram o que os mensageiros do rei ouviram por onde passaram.
Se um homem era rico, não
tinha o bastante; se não era rico, era culpa de alguém.
Se era saudável, havia uma
sogra indesejável em sua vida. Se tinha uma boa sogra, a gripe o estava
infelicitando.
Enfim, naquele reino todos
tinham algo do que reclamar.
O rei já tinha perdido a
esperança de ficar bom quando numa noite seu filho cavalgava pelos campos e, ao
passar perto de uma cabana, ouviu alguém dizer:
Obrigado, Senhor! Concluí meu
trabalho diário e ajudei meu semelhante. Comi meu alimento, e agora posso
deitar-me e dormir em paz. O que mais poderia desejar, Senhor?
O Príncipe exultou de
felicidade por ter, finalmente, encontrado um homem feliz.
Retornou e mandou que seus
homens fossem até lá e levassem a camisa do homem ao rei e lhe pagassem o
quanto pedisse.
Mas quando os mensageiros do
rei entraram na cabana para levar a camisa do homem feliz, descobriram que ele
era tão pobre que sequer possuía uma camisa.
* * *
O hábito de reclamar está tão
arraigado em nossa vida que, se não temos motivos de queixa, muitos de nós
ficamos sem assunto.
Isso se deve ao fato de não
valorizarmos devidamente tudo o que temos.
Embora saibamos que a
felicidade plena não é possível no atual estágio evolutivo da Terra, poderemos
encontrar muitos motivos de alegria e contentamento, conforme o homem feliz que
morava na cabana singela e que não possuía sequer uma camisa para se vestir.
* * *
A maior felicidade de nossa
alma virá no dia em que nos sentirmos integrados no amor Divino, como a gota
d´água dentro do oceano.
Redação do Momento
Espírita com base no cap. O rei e a camisa, de O livro das virtudes, v. 2, de
William J. Bennett, ed. Nova Fronteira e no verbete Felicidade, do livro
Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido
Xavier, ed.Feb.