A voz do anjo guardião
(Médium, senhorita Huet)
Todos os homens são médiuns; todos têm um Espírito que os dirige para o bem, quando sabem escutá-lo. Agora que alguns comunicam diretamente com ele por uma mediunidade particular, que outros não ouvem senão pela voz do coração e da inteligência, pouco importa, não deixa de ser o seu Espírito familiar que os aconselha. Chama-o Espírito, razão, inteligência, é sempre uma voz que responde à vossa alma e vos diz boas palavras; somente não as compreendeis sempre. Nem todos sabem agir segundo os conselhos dessa razão, mas não essa razão que se arrasta e rasteja antes que não caminhe, essa razão que se perde no meio dos interesses materiais e grosseiros, mas essa razão que eleva o homem acima de si mesmo, que o transporta para regiões desconhecidas; chama sagrada que inspira o artista e o poeta, pensamento divino que eleva o filósofo, impulso que arrebata os indivíduos e os povos, razão que o vulgo não pode compreender, mas que aproxima o homem da divindade, mais do que nenhuma outra criatura; entendimento que sabe conduzi-lo do conhecido ao desconhecido, e fá-lo executar as coisas mais sublimes. Escutai, pois, essa voz do interior, esse bom gênio que vos fala sem cessar, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo guardião que vos estende as mãos do alto do céu.
CHANNING
Ensinamento espontâneo dos Espíritos
Revista Espírita, janeiro de 1861