agosto de 2025 (segunda edição)
BEZERRA DE MENEZES - O apóstolo Brasileiro
sábado, 30 de agosto de 2025
CULTURARTE 292 - agosto de 2025 (segunda edição)
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sexta-feira, 29 de agosto de 2025
ADOLFO BEZERRA DE MENEZES - 29 DE AGOSTO - 194 ANOS
ADOLFO BEZERRA DE MENEZES - 29 DE AGOSTO - 193 ANOS
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu em 29 de agosto de 1831 na fazenda Santa Bárbara, no lugar chamado Riacho das Pedras, município cearense de Riacho do Sangue, hoje Jaguaretama, estado do Ceará.
Descendia Bezerra de Menezes de antiga família, das primeiras que vieram ao território cearense. Seu avô paterno, o coronel Antônio Bezerra de Souza e Menezes tomou parte da Confederação do Equador, e foi condenado à morte, pena comutada em degredo perpétuo para o interior do Maranhão, e que não foi cumprida porque o coronel faleceu a caminho do desterro, sendo seu corpo sepultado em Riacho do Sangue. Seus pais, Antônio Bezerra de Menezes, capitão das antigas milícias e tenente-coronel da Guarda Nacional, desencarnou em Maranguape, no dia 29 de setembro de 1851, de febre amarela; a mãe, Fabiana Cavalcanti de Albuquerque, nascida em 29 de setembro de 1791, desencarnou em Fortaleza, aos 91 anos de idade, perfeitamente lúcida, em 5 de agosto de 1882.
Desde estudante, o itinerário de Bezerra de Menezes foi muito significativo. Em 1838, no interior do Ceará, conheceu as primeiras letras, em escola da Vila do Frade, estando à altura do saber de seu mestre em 10 meses.
Já na Serra dos Martins, no Rio Grande do Norte, para onde se transferiu em 1842 com a família, por motivo de perseguições políticas, aprendeu latim em dois anos, a ponto de substituir o professor.
Em 1846, já em Fortaleza, sob as vistas do irmão mais velho, o Dr. Manoel Soares da Silva Bezerra, conceituado intelectual e líder católico, efetuou os estudos preparatórios, destacando-se entre os primeiros alunos do tradicional Liceu do Ceará.
Bezerra queria tornar-se médico, mas o pai, que enfrentava dificuldades financeiras, não podia custear-lhe os estudos. Em 1851, aos 19 anos, tomou ele a iniciativa de ir para o Rio de Janeiro, a então capital do Império, a fim de cursar medicina, levando consigo a importância de 400 mil réis, que os parentes lhe deram para ajudar na viagem.
No Rio de Janeiro, ingressou, em 1852, como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia.
Para poder estudar, dava aula de filosofia e matemática. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Em março de 1857, solicitou sua admissão no Corpo de Saúde do Exército, sentando praça em 20 de fevereiro de 1858, como cirurgião tenente.
Ainda em 1857, candidatou-se ao quadro dos membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória “Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento”, sendo empossado em sessão de 1º de junho. Nesse mesmo ano, passou a colaborar na “Revista da Sociedade Físico-Química”.
Em 6 de novembro de 1858, casou-se com a Sra. Maria Cândida de Lacerda, que desencarnou no início de 1863, deixando-lhe um casal de filhos.
Em 1859 passou a atuar como redator dos “Anais Brasilienses de Medicina”, da Academia Imperial de Medicina, atividade que exerceu até 1861.
Em 21 de janeiro de 1865, casou-se, em segunda núpcias com Dona Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã materna de sua primeira esposa, com quem teve sete filhos.
Já em franca atividade médica, Bezerra de Menezes demonstrava o grande coração que iria semear, até o fim do século, sobretudo entre os menos favorecidos da fortuna, o carinho, a dedicação e o alto valor profissional.
Foi justamente o respeito e o reconhecimento de numerosos amigos que o levaram à política, que ele, em mensagem ao deputado Freitas Nobre, seu conterrâneo e admirador, definiu como “a ciência de criar o bem de todos”.
Elegeu-se vereador para Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 1860, pelo Partido Liberal.
Quando tentaram impugnar sua candidatura, sob a alegação de ser médico militar, demitiu-se do Corpo de Saúde do Exército. Na Câmara Municipal, desenvolveu grande trabalho em favor do “Município Neutro” e na defesa dos humildes e necessitados.
Foi reeleito com simpatia geral para o período de 1864-1868. Não se candidatou ao exercício de 1869 a 1872.
Em 1867, foi eleito deputado-geral (correspondente hoje a deputado federal) pelo Rio de Janeiro. Dissolvida a Câmara dos Deputados em 1868, com a subida dos conservadores ao poder, Bezerra dirigiu suas atividades para outras realizações que beneficiassem a cidade.
Em 1873, após quatro anos afastados da política, retomou suas atividades, novamente como vereador.
Em 1878, com a volta dos liberais ao poder, foi novamente eleito à Câmara dos Deputados, representando o Rio de Janeiro, cargo que exerceu até 1885.
Neste período, criou a Companhia de Estrada de Ferro Macaé a Campos, que veio proporcionar-lhe pequena fortuna, mas que, por sua vez, foi também o sorvedouro dos seus bens, deixando-o completamente arruinado.
Em 1885, atingiu o fim de suas atividades políticas. Bezerra de Menezes atuou 30 anos na vida parlamentar. Outra missão o aguardava, esta mais nobre ainda, aquela de que o incumbira Ismael, não para o coroar de glórias, que perecem, mas para trazer sua mensagem à imortalidade.
O Espiritismo, qual novo maná celeste, já vinha atraindo multidões de crentes, a todos saciando na sua missão de consolador. Logo que apareceu a primeira tradução brasileira de “O Livro dos Espíritos”, em 1875, foi oferecido a Bezerra de Menezes um exemplar da obra pelo tradutor, Dr. Joaquim Carlos Travassos, que se ocultou sob o pseudônimo de Fortúnio.
Foram palavras do próprio Bezerra de Menezes, ao proceder a leitura de monumental obra: “Lia, mas não encontrava nada que fosse novo para meu espírito, entretanto tudo aquilo era novo para mim [...]. Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no Livro dos Espíritos [...]. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou mesmo, como se diz vulgarmente, de nascença”.
Contribuíram também, para torná-lo um adepto consciente, as extraordinárias curas que ele conseguiu, em 1882, do famoso médium receitista João Gonçalves do Nascimento.
Mais que um adepto, Bezerra de Menezes foi um defensor e um divulgador da Doutrina Espírita. Em 1883, recrudescia, de súbito, um movimento contrário ao Espiritismo e, naquele mesmo ano, fora lançado por Augusto Elias da Silva o “Reformador”, órgão oficial da Federação Espírita Brasileira e o periódico mais antigo do Brasil, ainda em circulação. Elias da Silva consultava Bezerra de Menezes sobre as melhores diretrizes a seguir em defesa dos ideais espíritas. O venerável médico aconselhava-o a contrapor-se ao ódio, o amor, e a agir com discrição, paciência e harmonia.
Bezerra não ficou, porém, no conselho teórico. Com as iniciais A. M., principiou a colaborar com o “Reformador”, emitindo comentários judiciosos sobre o Catolicismo.
Fundada a Federação Espírita Brasileira em 1884, Bezerra de Menezes não quis inscrever-se entre os fundadores, embora fosse amigo de todos os diretores e sobremaneira, admirado por eles.
Embora sua participação tivesse sido marcante até então, somente em 16 de agosto de 1886, aos 55 anos de idade, Bezerra de Menezes, perante grande público, em torno de 1.500 a 2.000 pessoas, no salão de Conferência da Guarda Velha, em longa alocução, justificou a sua opção definitiva de abraçar os princípios da consoladora doutrina.
Daí por diante Bezerra de Menezes foi o catalisador de todo o movimento espírita na Pátria do Cruzeiro, exatamente como preconizara Ismael. Com sua cultura privilegiada, aliada ao descortino de homem público e ao inexcedível amor ao próximo, conduziu o barco de nossa doutrina por sobre as águas atribuladas pelo iluminismo fátuo, pelo cientificismo presunçoso, que pretendia deslustrar o grande significado da Codificação Kardequiana.
Presidente da FEB em 1889, ao espinhoso cargo foi reconduzido em 1895, quando mais se agigantava a maré da discórdia e das radicalizações no meio espírita, nele permanecendo até 1900, quando desencarnou.
O Dr. Bezerra de Menezes foi membro da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, da Sociedade Físico-química, sócio e benfeitor da Sociedade Propagadora das Belas-Artes, membro do Conselho do Liceu de Artes e presidente da Sociedade Beneficente Cearense.
Escreveu em jornais como “O Paiz”, redigiu “Sentinela da Liberdade”, os “Anais Brasilienses de Medicina”, colaborou na “Reforma”, na “Revista da Sociedade Físico-química” e no “Reformador”. Utilizava os pseudônimos de Max e Frei Gil.
O dicionarista J. J. F. Velho Sobrinho alinha extensa bibliografia de Bezerra de Menezes, relacionando para mais de quarenta obras escritas e publicadas.
São teses, romances, biografias, artigos, estudos, relatórios, etc.
Bezerra de Menezes desencarnou em 11 de abril de 1900, às 11h30min., tendo ao lado a dedicada companheira de tantos anos, Cândida Augusta.
Morreu pobre, embora seu consultório estivesse cheio de uma clientela que nenhum médico queria; eram pessoas pobres, sem dinheiro para pagar consultas. Foi preciso constituir-se uma comissão para angariar donativos visando a possibilitar a manutenção da família. A comissão fora presidida por Quintino Bocayuva.
Por ocasião de sua morte, assim se pronunciou Leon Denis, um dos maiores discípulos de Kardec: “Quando tais homens deixam de existir, enluta-se não somente o Brasil, mas os espíritas de todo o mundo”.
Fonte: Texto incluído nas obras que integram a Coleção Bezerra de Menezes, publicada pela FEB. Informativo Bezerra edição nº 51, segundo quadrimestre de 2021 - PR PRODUÇÕES
domingo, 17 de agosto de 2025
A Sabedoria que não se compra com Diplomas!
A Sabedoria que não se compra com Diplomas!
Na Umbanda, a tarimba não se conquista com títulos ou certificações.
O Caboclo não precisa de diploma para aplicar um passe espiritual.
Ele traz consigo a força da mata, o conhecimento ancestral, a energia que nasce da terra e da vivência espiritual.
O Preto Velho não precisa de autorização formal para preparar um banho de ervas.
Seu saber foi forjado no sofrimento, na resistência, na fé que cura e acolhe.
Nenhum curso reconhecido pode ensinar o que só se aprende com humildade, com chão batido, com olhar sereno de quem já atravessou a dor e fez dela medicina.
Exu não necessita de chancela humana para abrir caminhos financeiros.
Ele conhece as encruzilhadas da alma, os desejos dos corações aflitos, os pesos das escolhas e os preços da vaidade.
Nenhum diploma da matéria pode validar o que é nato do espírito.
A legitimidade delas está no resultado do que fazem na cura, na palavra que consola, na luz que guia, no bem que se espalha.
É perigoso quando o médium esquece isso e começa a buscar validação onde ela não mora.
As entidades na Umbanda não precisam de diploma.
Porque o conhecimento delas não vem das universidades dos homens, mas da escola da vida, da dor, da ancestralidade e da espiritualidade.
Na Umbanda, diploma é a conduta. Título é humildade.
Jefferson Santana
sábado, 16 de agosto de 2025
16 de agosto, dia de Obaluaê (Omolu): a história do Orixá da cura
Obaluaê é o deus iorubá e das religiões afro-brasileiras associado à cura, às doenças, ao respeito aos mais velhos, à terra e à morte.
Também conhecido como Omolu, Obaluaiê, Omulu ou Xapanã, ocupa um lugar de destaque nas práticas religiosas de seus devotos. Sua proteção e intercessão é muito requisitada em momentos de dificuldades físicas e espirituais.
O Orixá é saudado com a expressão de origem iorubá Atotô Obaluaê, que significa “silêncio para o grande Rei da Terra”.
História, significado e sincretismo
A origem e história de Obaluaê remontam às antigas tradições africanas. Na cosmologia iorubá, Omolu era venerado como um Orixá ancestral, associado à terra, à cura e à proteção contra doenças.
Acredita-se que a figura de Omolu tenha se originado na região da atual Nigéria, mais precisamente na cidade de Ifé. Oláwàiye, em iorubá, significa "o rei que é senhor da terra".
Omolu é filho dos Orixás Nanã e Oxalá e irmão de Oxumaré. Nasceu com feridas devido a conflitos entre seus pais. Abandonado à beira do mar, foi resgatado por Iemanjá, a rainha do mar, que o acolheu como filho e ensinou a curar doenças e superar adversidades.
Por conta de suas cicatrizes, Obaluaê passou a cobrir-se com palhas, mantendo somente braços e pernas à mostra. Essa experiência o tornou introspectivo e mal-humorado.
Ao longo dos séculos, a devoção a essa divindade espalhou-se por diferentes regiões da África, ganhando variações regionais em suas lendas e mitos.
Com a diáspora africana e o tráfico transatlântico de escravos, milhões de africanos foram forçados a atravessar o Atlântico e chegaram ao Brasil, trazendo consigo suas crenças religiosas.
Obaluaê na Igreja Católica
No contexto da escravidão, os africanos escravizados enfrentavam a opressão e a proibição de praticar suas religiões tradicionais. Para preservar suas crenças e evitar perseguições, os escravos desenvolveram o sincretismo religioso.
O sincretismo consistia em associar suas divindades africanas aos santos católicos, que os colonizadores portugueses impunham como forma de conversão religiosa.
Nesse processo, Obaluaê foi identificado com São Lázaro, o santo católico padroeiro dos doentes e necessitados. Em algumas tradições, também é sincretizado com São Roque.
Esse sincretismo permitiu que suas crenças ancestrais sobrevivessem ao longo dos séculos, preservando a rica mitologia, rituais e tradições relacionadas à divindade.
Com o tempo, as religiões afro-brasileiras se estabeleceram como um importante meio de preservação e perpetuação das crenças africanas no Brasil. O culto a Obaluaê encontrou um espaço seguro nessa religião, tornando-se uma das principais divindades reverenciadas no panteão dos orixás.
Símbolos e características de Obaluaê
O deus da cura é representado com roupas e adereços característicos, como um manto que cobre todo o corpo, feito de palha da costa. Ele também carrega o Xaxará, espécie de tubo de palha trançada com sementes mágicas no interior.
Relação com a terra e a doença
Obaluaê é frequentemente associado à terra e à cura de doenças. É considerado o Orixá da saúde, sendo invocado para tratar enfermidades e desequilíbrios físicos e espirituais.
Acredita-se que ele possui o poder de curar e aliviar sofrimentos, mas também pode trazer doenças e epidemias quando desrespeitado.
Cores, dia, ervas e oferendas
As cores do Orixá são preto, branco e vermelho. O dia da semana ao qual é associado a segunda-feira, e a data de sua comemoração é em 16 de agosto.
Suas ervas são a pariparoba, mamona, cambará e canela de cachorro. Quanto à oferenda (ebó), sua preferência é a pipoca.
As representações de Omolu inseridas nesta matéria, são belíssimos trabalhos da artesã PRICILLA DARMONT (21) 96721-1993
Instagram: @pricilladarmont
Bibliografia
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das letras, 2001.
VERGER, Pierre. Orixás, Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo. Salvador: Currupio, 1997.
segunda-feira, 11 de agosto de 2025
CULTURARTE 291 - agosto de 2025
CULTURARTE 291 - agosto 2025
domingo, 10 de agosto de 2025
QUEM ERA O DOUTOR ANDRÉ LUIZ?
Fotografia de André Luiz quando encarnado. Em realidade o seu verdadeiro nome é Carlos Chagas e optou por usar o pseudônimo André Luiz para não criar problemas ao médium Chico Xavier. A informação consta em obras como o Anuário Espírita de 2004, bem como em relatos de Chico Xavier, Inácio Ferreira e André Luiz Ruiz.
Em 1944, a sra. viúva do renomado escritor Humberto de Campos (1886-1935) pleiteou na Justiça os direitos autorais das obras mediúnicas de Humberto de Campos (espírito) recebidas por Francisco Candido Xavier e editadas pela FEB. Surgiu, então, “o caso Humberto de Campos”, caracterizado como escândalo pela grande imprensa. A propósito, disse Chico Xavier: “Foi horrível por causa do alarme da imprensa.”
Após longa trajetória, o processo chegou ao fim com a absolvição dos réus: o médium e a editora. A partir dessa época, Humberto de Campos, espírito, passou a usar o pseudônimo de Irmão X em seus livros psicografados.
Portanto, é fácil entender a preocupação do Dr. Carlos Chagas (André Luiz) em não se identificar como autor de Nosso Lar, que, segundo a programação superior, representava o marco inicial de uma longa série de livros. Era necessário que, além do pseudônimo, o autor espiritual não fosse, de forma alguma, identificado, graças à providência de truncar dados de sua vida, sem afetar o elevado conteúdo da obra. Chico Xavier perguntou-lhe qual pseudônimo ele usaria. Então o autor olhou para o irmão do médium, chamado André Luiz, que dormia na cama ao lado, e disse-lhe que usaria o nome dele. E assim foi feito.
Quem quiser saber mais informações pode ler o livro Nosso Lar ou também assistir ao filme Nosso Lar disponível no YouTube.
quinta-feira, 24 de julho de 2025
CULTURARTE 290 - julho de 2025 (segunda edição)
julho de 2025 (segunda edição)